segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Relação sexual precoce e gravidez indesejada na adolescência – O que podemos fazer?


Um dos assuntos que não podemos deixar “sobre a mesa” ou “empurrar para debaixo do tapete” é a questão da relação sexual precoce e a gravidez indesejada na adolescência.
Elizabeth Anhel Ferraz e Inês Quental Ferreira, da BENFAM, afirmam, com base em pesquisas científicas que, em 1996, 30% das jovens já haviam tido a primeira experiência pré-marital. Em 1986, esta porcentagem era de apenas 14% para o grupo de 15-19 anos, representando um aumento de mais de 100% nestes últimos 10 anos.

Em matéria publicada em O Globo (21/05/99), Lucy Vereza, vice-presidente da Pro Matre, uma das maternidades mais procuradas pela população da cidade do Rio de Janeiro, afirmou que são realizados, em média, 20 partos, por dia, na referida instituição. 20,1% do número total dos partos ocorridos mensalmente no Pro Matre são de jovens de 12 a 18 anos! Isto quer dizer que, em um mês, nascem 110 crianças filhas de mães pré-adolescentes ou adolescentes.

Nos limites geográficos do Município do Rio de Janeiro, pesquisas realizadas dão conta que, entre 1993 e 1997, os casos de gravidez de menores de 14 anos praticamente duplicaram, passando de 496 para 868 registros. Na faixa etária de 15 a 19 anos, o número de partos cresceu de 14.505 para 19.099.

O Ministério da Saúde, em recente pesquisa, divulgou que, em 1998, de um total de 592.137 partos ocorridos por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) 25,27% foram de jovens de 15 a 19 anos, enquanto 1,23% de crianças de 10 a 14 anos. Em números absolutos, 7.283 nascimentos de crianças, cujas mães são crianças.

Outros dados apontam que, pelo menos 25 abortos, em cada 100, são feitos em meninas pré-adolescentes ou adolescentes! O que podemos fazer, como famílias cristãs e igrejas, em relação ao assunto?

O tema é por demais complexo. Poderíamos abordar várias vertentes da matéria, como por exemplo, as questões sociais, os abusos sexuais e tantas outras. Creio firmemente que a primeira frente de trabalho está na área da educação sexual preventiva, seja no âmbito da família como na igreja.

No âmbito da família, é preciso valorizar, cada vez mais, o diálogo. Não podemos como pais ou responsáveis, delegar este assunto à mídia e aos professores somente. Conversar sobre sexualidade com o(a) filho(a), desde a mais tenra idade, é um dos caminhos para uma educação sexual sadia. Esperar para conversar já na adolescência pode ser tarde demais. Os diálogos podem ser provocados ou não. Devemos conversar com os adolescentes sobre o amadurecimento, funcionamento do corpo e a questão da maturidade emocional para se ter relação sexual, não esquecendo de mostrar o plano de Deus para o casamento e o sexo. Podemos colocar nas mãos dos nossos filhos livros que abordam o assunto com seriedade, com bases científicas e fundamentados nos princípios cristãos. Devemos conversar com o(a) filho(a) adolescente a respeito de uma opinião emitida (uso da camisinha, menstruação, aborto, gravidez) num programa de televisão ou através de um artigo escrito. Para tanto, é preciso ter coragem, jeito e espontaneidade. Nada de sermões ou discursos. O adolescente precisa, também, saber que toda ação tem suas conseqüências físicas (DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS), psicológicas ( Traumas, bloqueios, etc.), educacionais (possível abandono da escola), econômicas e espirituais.

Uma outra preocupação que a família deve ter é em relação aos ensinamentos que são dados na escola. Não se trata de policiamento, mas de maneira sutil, procurar saber do adolescente ou formalmente, através da Direção da escola, a linha filosófica adotada e comparar, de forma amigável, com o(a) filho(a), os ensinamentos escolares com a posição cristã.

No âmbito da igreja, pode-se fazer muita coisa. A igreja poderá ajudar as famílias nesta área promovendo reuniões, ora só com os adolescentes, ora com os pais e, às vezes, com pais e filhos juntos. Nessas reuniões, muitos temas poderão ser abordados. A liderança poderá convidar médicos, psicólogos, educadores e pastores para falarem ou participarem de debates ou fazerem palestras sobre os temas. A igreja poderá ajudar também comprando bons livros, tanto para os adolescentes como para os pais, bem como promover a projeção de vídeos sobre educação sexual. E quanto à ação da família e da igreja em relação aos casos da gravidez indesejada?

No âmbito da família, por mais que seja doloroso, não adianta procurar o culpado. Punir, expulsar o(a) filho (a) de casa ou forçar um casamento só trará maiores prejuízos. A família deverá estar ao lado, providenciando acompanhamento médico e psicológico adequado, tomando cuidado de não isentar o(a) adolescente das responsabilidades de ser mãe ou pai, pois será importante para a saúde emocional tanto da mãe/pai quanto da criança. Na família, cada qual deve assumir o seu papel: avós sendo avós, pais sendo pais, filhos e netos sendo filhos e netos!

Por outro lado, a igreja, que é uma comunidade terapêutica, deverá demonstrar seu amor, evitar o preconceito e a rejeição dos adolescentes envolvidos e de suas famílias. Poderá, também, ajudar, caso a família não tenha condições financeiras, no enxoval e viabilizando um acompanhamento médico-psicológico. Não pode ser diferente!

O segredo para se ter resultados satisfatórios nessa área, reafirmamos, é trabalhar de forma constante e sistemática a prevenção através de um programa de educação sexual. Só assim teremos menos casos de iniciação sexual precoce e gravidez indesejada entre adolescentes. Com isto, estaremos oferecendo aos adolescentes e jovens oportunidades de aproveitar melhor a sexualidade e o dom da gestação de forma responsável e de acordo com os propósitos de Deus. 

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