segunda-feira, 9 de agosto de 2010

JOVENS LÍDERES OU LÍDERES JOVENS?


Quem são esses que têm a responsabilidade de cuidar da juventude e atraí-la para a igreja?
Rebeca Cruz

Eles já foram adolescentes, e muitos ainda são jovens. Quem são esses que têm a responsabilidade de cuidar da juventude e atraí-la para a igreja, a despeito das tentadoras opções que o mundo oferece? São os líderes de jovens e adolescentes, ministério que exige muita paciência, oração e criatividade. Nos dias de hoje praticamente todas as igrejas contam com um líder ou uma equipe de liderança para cuidar especificamente dessa faixa etária. De cultos mais animados do que o normal à luais na praia e festas a fantasia, vale quase tudo para que os jovens queiram estar na casa de do Senhor.

Um fato que dificulta o comprometimento dos jovens com Deus é a falta de tempo. Para Flávio Martins, líder da juventude da Igreja Batista de Acari, tanto os jovens quanto os adolescentes estão tomados de tarefas diárias e compromissos inadiáveis, e com isso Deus vai ficando de lado. “Cada dia está mais difícil fazê-los entender que o compromisso com o Senhor é o princípio de tudo. A prioridade deles tem sido as coisas que serão acrescentadas e não o Reino de Deus’’.

Na visão do pastor da juventude da Comunidade Batista do Rio, da Barra da Tijuca, Gustavo Legal, hoje se vive um momento bem curioso: muita literatura cristã disponível e pouca leitura. Para ele, se não há compreensão daquilo que é lido na palavra de Deus, dificilmente haverá uma fé dependente da verdade. “Sem dependência não há compromisso com Deus. Eu vejo uma juventude atuante “na” igreja, mas não “como” igreja. Vejo uma juventude independente dos valores familiares, dos princípios educacionais e por fim, das coisas mais básicas e importantes do cristianismo: oração e reflexão bíblica. Mas quero deixar claro que nem todos são assim, existem os remanescentes’’.

Que estratégias a liderança usa para que os jovens fiquem firmes e não se desviem? Para a líder de adolescentes da Igreja Presbiteriana 25 de Agosto em Duque de Caxias, Verônica Peçanha, a primeira estratégia é a oração. Já o pastor Gustavo Legal acha que é o discipulado, pois sem a educação não há valores éticos ou morais, não há raízes cristãs sólidas. “O evangelho passa a ser encarnado por um jovem a partir do momento em que ele é discipulado e levado a viver de acordo com os valores e princípios bíblicos”.

Os eventos realizados também fazem parte da programação da juventude cristã. E a criatividade cada vez fala mais alto. A líder Verônica tem encontros semanais com os adolescentes, e pelo menos a cada dois meses eles dirigem o culto vespertino de domingo. Entre os eventos estão o “Cine em Debate”, em que assistem a um filme e depois levantam questões à luz da bíblia e o “Júri Simulado”, onde o ato de um personagem bíblico é julgado com defensoria e promotoria e os adolescentes contam com a ajuda de advogados para essa tarefa.

Para Gustavo, na hora de organizar um evento é importante entender qual a sua motivação. Se for para atender uma necessidade do ego dos jovens cristãos, ele perde seu objetivo e não terá diferença nenhuma dos eventos mundanos. Mas se a motivação for o propósito de se propagar o evangelho através de um evangelismo que produz comunhão, alegria e paz, então se terá um evento com músicas, danças e namoros saudáveis.

As vezes os líderes da juventude são tão jovens quanto os liderados, outras, bem mais velhos. Para Flávio Martins, a questão não é o perfil ou amadurecimento, e sim o chamado. Em sua opinião, quando o jovem é chamado por Deus para exercer o ministério, o próprio Deus o capacita e dá as estratégias certas. Verônica também não crê em perfis específicos, mas acha que a maturidade é importante para ajudá-los em seus questionamentos. “O adolescente ou jovem tem que sentir-se à vontade com o seu líder, ver nele um amigo, e graças a Deus tenho tido esta experiência. Não é a presença de um opressor ou ditador, mas de uma amiga. Volta e meia recebo mensagens no meu telefone de carinho e incentivo deles”, afirma ela.

O pastor Gustavo acha que a questão da identificação facilita a comunicação e a confiança entre o líder e o liderado. Para ele, há casos e casos, mas as vezes é melhor que o líder seja mais maduro, pois o jovem tem maior dificuldade em respeitar os que tem a mesma idade. Segundo ele, é muito importante também, que esse líder não se esqueça de que um dia teve 16 ou 20 anos, e releve algumas situações.

Como se pode imaginar, o trabalho dos líderes dos ministérios de juventude não é fácil, ainda assim, nem tudo é válido para atraí-los para a igreja. Flávio é direto. “Não vale barganhar”. Para Verônica, não vale querer trazer comportamentos do mundo para a casa de Deus com a intenção de que os jovens sintam-se em sua própria casa, pois o Espírito Santo é quem vai atraí-los. Gustavo Legal concorda. “Somos apenas portadores desse evangelho que transforma, que muda. Não somos Deus. E esse princípio é inegociável”.

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